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  Os monopólios da imprensa arreganham mais uma vez os dentes. Desta vez é
  contra uma organização de camponeses pobres em luta pela terra que realizava
  uma manifestação no Congresso Nacional, em Brasília, exigindo reforma
  agrária. A histeria dos monopólios da imprensa tenta transformar meia dúzia
  de vidros quebrados, um veículo virado, luminárias e terminais de
  computadores danificados, alguns policiais feridos em “baderna, vandalismo,
  quebra-quebra”, “um ataque a um poder da república, à casa do povo, à casa
  das leis”, “um grave atentado à democracia”, “um ataque planejado há meses,
  com técnicas de guerrilha”. Todos os manifestantes foram presos, autuados em
  flagrante e conduzidos como criminosos para o Presídio da Papuda em Brasília.
   
   
  De forma bombástica anunciaram que a Polícia do Congresso apreendeu uma fita
  de vídeo da reunião de preparação da manifestação que segundo eles provava
  que a “depredação” foi premeditada. Não há prova alguma a não ser de que
  pretendiam ocupar as dependências do Câmara dos Deputados para aí protestar
  contra o atraso na aprovação do Orçamento Federal e protestar contra o
  decreto-lei que proíbe, por 2 anos, vistoria de terra que tenha sido
  invadida. O que da fita foi mostrado como prova categórica da premeditação e
  portanto do crime, nada mais é que uma reunião onde se planeja simplesmente
  como garantir que os mais de 500 camponeses pudessem entrar nas dependências
  da Câmara de Deputados. E todos sabem que era preciso planejar como burlar a
  Segurança do local pois jamais seria permitido que ocorresse no seu interior
  um protesto principalmente de camponeses pobres.  
   
  Como poderia o MLST ter planejado invadir e quebrar o Congresso e depois
  ficar tranqüilamente esperando a polícia prendê-los? O líder Bruno Maranhão
  estava inclusive em outro local na hora do confronto tirando cópias de
  documentos que o Movimento pretendia entregar aos deputados. Fica evidente
  que o que de fato aconteceu foi uma explosão de revolta dos camponeses contra
  a proibição imposta pela Polícia do Congresso à entrada deles naquele local.  
   
  Ora senhores! Deixem de cinismo! O que significam aqueles vidros, luminárias,
  computadores quebrados (que somando cada centavo chega-se ao valor de 100 mil
  reais) perto dos bilhões que a corja que ocupa aquele prédio público rouba
  sistemática e impunemente? Que opinião tem o povo brasileiro sobre a Câmara
  de Deputados e Senado Federal? É de um bordel, com deputados e senadores à
  venda, onde todo tipo de negociata é praticado, onde todas as violações dos
  interesses do povo são legalizadas, onde a entrega das riquezas do país é
  consumada, de que ali são casas homologatórias dos interesses imperialistas
  no país. O Parlamento brasileiro não representa o povo como insiste o
  monopólio da imprensa defensora deste velho e podre Estado. O Congresso
  Nacional representa a grande burguesia monopolista, o latifúndio, classes
  serviçais do imperialismo no País.  
   
  O Deputado Aldo Rebelo (PCdoB), presidente da Câmara de Deputados, recusou-se
  a receber os camponeses e declarou ao líder Bruno Maranhão que a única coisa
  que ele tinha para fazer era autuá-los e mandar prendê-los. Este usurpador do
  nome honrado dos comunistas brasileiros, posou orgulhoso por se transformar
  em chefe de polícia de um Estado reacionário, cometendo o crime de encarcerar
  como delinqüentes os camponeses que protestavam contra a legislação
  anti-reforma agrária do país. Realmente Aldo Rebelo (PCdoB) tem se revelado
  como o mais adequado presidente para este momento em que a podridão do
  Congresso Nacional vem à tona de forma tão clara e revoltante.  
   
  O Partido dos Trabalhadores, desmacarado e desmoralizado pelos escândalos de
  corrupção e de traição aos trabalhadores e ao povo brasileiro, alimentou o
  coro reacionário da imprensa, prontamente destituiu o líder Bruno Maranhão da
  Executiva Nacional e já prepara sua expulsão do Partido.  
   
  O monopólio da imprensa faz uma sistemática campanha de criminalização da
  luta social, tem o descaramento de justificar a matança de pobres, o
  assassinato de trabalhadores e camponeses em luta e a perseguição de suas
  organizações. O monopólio da imprensa, com toda a gritaria que fez, é o
  responsável direto pela onda de assassinatos praticados pelo aparato policial
  em São Paulo que, no mês passado, segundo dados divulgados pelo IML paulista,
  atingiram não a já escandalosa cifra, oficialmente comunicada, de 120
  vítimas, mas de mais de 400 mortes! 
   
  O policial atingido nos confrontos na Câmara de Deputados é apresentado como
  vítima de uma violência brutal num país onde milhares de camponeses são
  torturados e assassinados de forma covarde a cada ano pela ação do latifúndio
  e deste Estado reacionário.  
   
  Em Rondônia, na cidade de Buritis, no final de maio deste ano, os camponeses
  organizaram uma manifestação pública em protesto contra a ação de um juiz que
  deu reintegração de posse a um fazendeiro que comprovadamente havia grilado
  as terras além de ser notório mandante de vários assassinatos de
  trabalhadores. Seguindo a prática da imprensa reacionária, os jornalecos
  Folha de Rondônia e Diário da Amazônia chamaram, em matérias de primeira
  página, a manifestação pacífica da Liga dos Camponeses Pobres de um desfile
  de milícia armada.  
   
  O camponês Wenderson Francisco dos Santos, mais conhecido como Ruço, não foi
  julgado, nem condenado e continua preso na Penitenciária de Urso Branco, em
  Porto Velho, há mais de 33 meses, numa situação completamente ilegal. É uma
  prisão política pois seu crime é ter participado da luta pela terra. Do mesmo
  modo a prisão do líder Bruno Maranhão, demais dirigentes e militantes do MLST
  é completamente injustificada e só podemos classificá-la de prisão política
  fazendo parte da crescente fascistização do País. 
   
  O que assusta o monopólio da imprensa, porta-voz da grande burguesia, do
  latifúndio e do imperialismo no país, é a explosão da revolta popular. Toda a
  gritaria, o pedido de mais repressão, de mais intolerância, o desprezo em
  reconhecer as necessidades das massas populares de nosso país, só faz
  aumentar a revolta.  
  E tenham bem claro, senhores, a paciência do povo tem limites. Quanto ele estourar
  não haverá força no mundo capaz de contê-lo.  
  Belo
  Horizonte, junho de 2006 
  Coordenação Nacional
  das Ligas de Camponeses Pobres 
  Liga Operária 
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